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14 de jun. de 2010

TRABALHO INTEGRADO PARA MELHORES RESULTADOS

Rio de Janeiro/RJ (11/06/10) – Aconteceu o Worshop de Integração Institucional de Segurança Pública, realizado pela Rede de Policiais e Sociedade Civil na sede da ONG Viva Rio, situado na Rua do Russel, Glória, RJ.
Na abertura do worshop, o Antropólogo Rubem César Fernandes (Coordenador Executivo do “Viva Rio”), acompanhado de Jasper Eitze (representante no Brasil da Fundação Konrad Adenauer) compuseram a mesa de honra para os trabalhos de abertura do citado evento.


Em seguida, Roberta de Mello Correa e demais integrantes da equipe coordenadora passaram a moderar a apresentação dos trabalhos, assim relatados no site da Comunidade Segura. Vejamos:
Até 2006, a polícia era chamada à Praça Rotary, no Centro de São Paulo, em média cinco vezes por dia. O motivo? Briga de crianças! A cada ligação para o 190, três viaturas eram deslocadas ao local. Naquele ano, então, foi instalada na Praça uma Base Comunitária da PM, para onde foi designado o sargento Wilson Jorge dos Santos Alves. E ele teve uma grande idéia: formar um time de futebol com as crianças dali. Para mostrar que se tratava de um trabalho sério, foi desenvolvido um formulário de inscrição para os pais preencherem e assinarem. A Jica – agência japonesa parceira do projeto paulista de policiamento comunitário – bancou os uniformes e as próprias crianças criaram um símbolo para o time. Hoje, quatro anos depois, alguns troféus já orgulham a comunidade.

Mas o intuito não é o troféu, e sim a redução dos indicadores criminais”, diz o sargento Wilson Jorge. Hoje há apenas uma ocorrência por dia na Praça. Nas horas vagas, ele continua na comunidade, assim como voluntários como o treinador do time, o cabo Ronaldo Mathias do Nascimento, e Renato César, funcionário da Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato, onde foi montado um telão para todos jogarem videogame - “de futebol, é claro”, frisa o sargento.
Ele explica que o objetivo da iniciativa é ganhar a confiança dos pais para poder entrar nas casas e conversar. “A criança é o meio, mas o objetivo é falar com os pais, que educam os filhos. Queremos educar a comunidade através deles”, explica.

O projeto Futebol na Praça, laureado pelo Prêmio Polícia Cidadã, do Sou da Paz, foi um dos casos de sucesso apresentados no Workshop Integração Institucional no Campo da Segurança Pública, promovido pela Rede Brasileira de Policiais e Sociedade Civil na sede do Viva Rio, no Rio de Janeiro, no dia 11. O evento reuniu policiais de diversos estados brasileiros.

PM Interativa: rádio e blog


Outro caso de aproximação da polícia com a sociedade foi apresentado pelo capitão José Deon da Silva, da Polícia Militar de Minas Gerais, que comandou o policiamento na cidade de Oliveira/MG, no interior do estado.

Ele reparou que as rádios locais divulgavam só o lado negativo das ocorrências policiais, o que aumentava ainda mais desconfiança da população a respeito da polícia. Foi quando o soldado Ricardo Rocha de Sousa Júnior, que havia sido locutor, ofereceu seu próprio equipamento, em sua casa, para viabilizar um programa de rádio para trabalhar a prevenção e estimular a interação com a população.

É um programa essencialmente de utilidade pública”, explica o capitão Deon, que hoje é assessor de comunicação do 8.º BPM. O programa “PM Interativa”, de meia hora de duração, era gravado na casa do soldado e transmitidos aos domingos, às 10h30 da manhã, pela rádio da cidade.

Cada programa tem quatro quadros: "PM, nossa profissão, sua vida", que apresenta o trabalho da instituição; "PM esclarece", em que o ouvinte manda dúvidas que são respondidas por autoridade responsável; "Prevenção ativa", com dicas de auto-proteção, uso e abuso de drogas; e a programação musical variada.

Para ele, o programa, que tem um blog, pode virar uma webradio e se transformar numa franquia para atingir outras cidades.
Forças integradas para evitar suicídios

O Tenente Francis Albert Cotta (foto), da PMMG, que trabalha como mediador de conflitos e negociação policial, mostrou como a integração de diferentes forças aumenta a chance de sucesso para conter ameaças de suicídio. Ele contou casos de sucesso do trabalho integrado do Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da PM e dos Bombeiros de Minas Gerais na dissuasão e no resgate de pessoas prestes a se matar.

Segundo o policial, que é do Time de Gerenciamento de Crises do Gate, a probabilidade de não ocorrer uma nova tentativa é bem maior quando o suicídio é evitado através do convencimento, e não do simples resgate. Além disso, afirma, os protocolos no papel às vezes não funcionam na prática, o que torna a integração das ações ainda mais necessárias.

Ele contou que em 2009 em Belo Horizonte houve 600 tentativas de suicídio. No mundo, são cerca de três mil por dia, ou uma a cada 30 segundos. Para cada suicídio realizado, há 20 ou mais tentativas. O tenente, que também desenvolve atividades acadêmicas - é pós-doutor em História Social da Cultura pela Universidade Federal de Minas Gerais –, mostrou o protocolo de prevenção integrada baseado na gestão sistêmica de procedimentos para a cena de ação.

Identidade do PM

O Tenente Thiago Gomes Nascimento apresentou a sua pesquisa de mestrado em Psicologia Social pela Universidade de Brasília (UnB), na qual procurou traçar a identidade profissional dos PMs do Distrito Federal. Para o estudo, ele fez uma pesquisa qualitativa e uma quantitativa.

Na qualitativa, realizou entrevistas com policiais e, a partir da análise do discurso, obteve 461 atributos de identidade, que foram condensados e então validados por oito policiais, resultando em 72 itens. Estes itens foram então organizados num formulário junto a 11 questões sóciodemográficas, para a pesquisa quantitativa. Foram aplicados 800 questionários, e o retorno foi expressivo: 600 - ou 75%.

A pesquisa permitiu chegar a algumas conclusões. Quanto maior o posto, a graduação e a idade do policial, melhor o ambiente de trabalho; quanto mais dependentes o policial tem, menos conflitos; quanto mais tempo na PM, menos conflitos; e quanto maior o número de dependentes, o tempo na PM e a idade do policial, maior a sua vocação.

Os soldados sentem menos abertura e um ambiente menos favorável”, exemplificou o tenente. Uma curiosidade identificada pela pesquisa é que os policiais em cargos de administração são os que tem mais conflitos. De acordo com o Tenente, que escreve o blog Ciência e Polícia, uma conclusão importante do estudo é que a identidade profissional do policial militar do DF é uma construção paralela a da sua identidade.

Inteligência policial

Os policiais civis Celso Kioshi Haga, de São Paulo, e Alberto Frambach, do Rio de Janeiro, apresentaram propostas de melhoria na inteligência policial. Haga afirmou que hoje a polícia só trabalha com base em estatísticas e sugere que as informações das diversas unidades sejam coletadas e transmitidas para órgãos superiores com mais agilidade. Ele concluiu com uma citação do general chinês Sun Tzu:

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.

Frambach propôs um maior intercâmbio entre as polícias dos diversos estados da federação, a criação de um banco de dados policiais interligado e a padronização de procedimentos para melhor repressão ao crime.
No fim do dia foi lançado o livro "Polícia e sociedade – práticas e saberes no campo da integração da segurança pública", uma coletânea da Rede Brasileira de Policiais e Sociedade Civil. Alguns autores apresentaram seus artigos e responderam as perguntas dos participantes do workshop.




Um comentário:

Márcio Almeida Júnior disse...

Prezado Sr. editor do blogue da PM.
Com fulcro no direito constitucional de manifestação do contraditório em publicações na mídia, venho esclarecer que, ao contrário do que diz o texto acima, em manifestação atribuída ao Capitão José Deon, não é verdadeiro que as rádios de Oliveira só divulgavam aspectos negativos do noticiário policial e que isso foi modificado pela criação do blogue PM Interativa. A emissora da qual sou diretor de jornalismo, a Sociedade AM, tem 63 anos de existência e já fazia campanhas educativas em parceria com a PM antes que o Capitão Deon viesse ao mundo. Mais recentemente, ao se transferir para Oliveira, o Capitão Deon já encontrou na Sociedade AM um trabalho de divulgação pronto,que incluía, tanto durante a semana quanto nas manhãs de sábado, um esforço para ajudar a PM a fazer educação para a segurança. Foi por minha iniciativa, enquanto diretor de Jornalismo da Rádio Sociedade, que se começou, há cerca de 15 anos, uma campanha constante de apoio ao trabalho preventivo e educativo da PM. Essa iniciativa tem o apoio de todos os demais comunicadores da emissora, alguns deles chegando a fazer divulgação e esclarecimentos para contribuir com o trabalho da PM. Portanto, nada tenho contra a tentativa de se usar a internet para propagar os méritos do blogue, efetivamente reais, assim como é real o mérito do trabalho do Capitão Deon enquanto esteve à frente da 59ª Cia da PM, mas não me parece justo que se faça dos fatos uma interpretação equivocada. Em tempo: informo, por oportuno, que o blogue da PM,antes bastante atualizado, caiu sensivelmente de produção, apresentando baixa atualização, podendo-se afirmar que já esteve bem melhor do que está hoje.
Márcio Almeida Jr.
Diretor de Jornalismo da Rádio Sociedade AM

8.º BPM - POLÍCIA CIDADÃ